Forças Armadas querem que ministro do STF seja advertido por dizer que "Exército está se associando a genocídio", ao criticar militares na Saúde. O pedido para advertir o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), feito nesta terça-feira (14) pelo Ministério da Defesa pode ser analisado só em agosto pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, segundo divulgou nesta quinta (16) a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
FOTO: REDAÇÃO TRIBUNA DO DF
No último sábado (11), Gilmar Mendes criticou a quantidade de militares no Ministério da Saúde , afirmando que "o Exército está se associando a esse genocídio", em referência à má administração da pandemia.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira que caso o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes tenha "grandez moral" ele "tem que se retratar" da declaração em que afirmou que o Exército está se associando a um "genocídio", em referência à gestão de militares no Ministério da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus.
"Com certeza (tem que pedir desculpas). Se ele tiver grandeza moral, tem que se retratar", disse Mourão à CNN Brasil.
A declaração do ministro foi feita no sábado. Gilmar questionou o fato de o Ministério da Saúde ser dirigido interinamente há quase dois meses por um general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, que levou para sua equipe mais de 20 militares. Mourão já havia criticado a declaração na segunda-feira, assim como também fizeram os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Augusto Heleno (GSI). Os três são generais da reserva.
Após a fala sobre os militares, o Ministério da Defesa e o Exército acionaram a Procuradoria-Geral da República para que o ministro do STF seja advertido.
Contudo, Augusto Aras não estaria com pressa para analisar o caso. Segundo a coluna, a possível advertência de Gilmar Mendes pode ser analisada apenas após o fim do recesso no órgão, que termina com o início do mês de agosto. (IG Último Minuto)
Gilmar diz que não atingiu honra do Exército e volta a criticar militares na Saúde. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, divulgou uma nota para contextualizar as afirmações que fez no sábado, 11, sobre os militares.
O ministro disse que reafirma “o respeito às Forças armadas brasileiras”, mas faz uma conclamação para que se “faça uma interpretação cautelosa” do momento atual. Ele afirma que nenhum analista pode deixar de se preocupar com “o rumo das nossas políticas públicas de saúde” e disse que refutou “e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo ministro:
“Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual. Vivemos um ponto de inflexão na nossa história republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo.
Em manifestação recente, destaquei que as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado. Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela COVID-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas.
Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.” (FolhaPress)
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