O Supremo Tribuna Federal (STF) lançou ontem (26) um catálogo em homenagem ao trabalho do fotógrafo Gervásio Baptista, conhecido como “fotógrafo dos presidentes”, que morreu em abril do ano passado, aos 95 anos.

O fotógrafo fez a icônica foto de Juscelino Kubistchek segurando uma cartola na inauguração de Brasília por Gervásio Baptista para a extinta Bloch Editores - Revista Manchete/Arquivo Pessoal

Baptista registrou os trabalhos do Supremo por 17 anos (1999 a 2015). Ele também trabalhou como fotojornalista da Agência Brasil por cerca de três décadas, até sua aposentadoria, em 2015.

O presidente do STF, Dias Toffoli, destacou o valor histórico do trabalho do fotógrafo. “Apreciar a obra fotográfica de Gervásio, construída em oito décadas de fotojornalismo, é navegar pela história do Brasil e do mundo a partir de fragmentos eternizados pelo olhar sensível e perspicaz do homenageado”, disse o ministro no plenário da Corte.

O catálogo traz registros icônicos produzidos pelo fotógrafo no Supremo, realçando sua capacidade de captar a expressividade dos ministros durante as sessões plenárias.

Gervásio Baptista registrou momentos da Guerra do Vietnã - Gervásio Baptista/Arquivo Pessoal

Gervásio Baptista (Salvador, 19 de junho de 1923 - Brasília, 5 de abril de 2019) foi um fotojornalista brasileiro. Registrou alguns dos mais importantes episódios da história brasileira e mundial.

Estreou no jornalismo aos doze anos, fotografando como assistente para o jornal O Estado da Bahia.

Na década de 1950, transfere-se para o Rio de Janeiro, a convite de Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, com quem travara contato um ano antes durante visita de Chatô à Feira de Santana, para trabalhar em O Cruzeiro.

Em 1954, vai para a revista Manchete onde permanece até o fechamento da mesma, em 2000. É lá que registra, semana a semana, a construção da nova capital. É de sua autoria a conhecida foto de Juscelino Kubitschek acenando com a cartola para o povo, que estampou a capa da Manchete sobre a inauguração de Brasília e tomou o mundo.

Suas fotos do enterro de Getúlio Vargas, em São Borja, Rio Grande do Sul, também geraram um número especial da revista.

Como fotógrafo oficial dos concursos Miss Brasil e Miss Universo, Gervásio viajou o mundo para retratar a beleza da mulher brasileira no período áureo desses eventos. Fotografou Fidel Castro, Che Guevara e fez um registro diferenciado da Revolução Cubana. Também deu sua leitura sobre a Revolução dos Cravos, em Portugal. Acompanhou e registrou a queda do presidente argentino Juan Domingo Perón e esteve em Saigon, para registrar a Guerra do Vietnã.

Durante a ditadura, teve várias passagens pela prisão, mas por não ter engajamento político, sempre foi libertado rapidamente e sem maiores conseqüências. Em tais ocasiões dividiu cela com o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes e o advogado e ativista político Francisco Julião, fundador da Liga Camponesa, entre outros.

Fotógrafo oficial de Tancredo Neves, fez, com exclusividade, a última foto do presidente, acompanhado da equipe médica do Hospital de Base do Distrito Federal.

Discípulo de Henri Cartier-Bresson, a quem conheceu pessoalmente, Gervásio continuou atuante mesmo depois de aposentado, contratado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e prestando serviços ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi citado como decano do fotojornalismo pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Morte

O "fotógrafo dos presidentes" morreu em 5 de abril de 2019, nos deixando muitas saudades e uma cratera pessoal e profissional que jamais será ocupada por ninguém!

O Portal Tribuna do DF dedica esta matéria a este grandioso homem, o qual tivemos a satisfação e a honra de conhecer e conviver.

AGÊNCIA BRASIL 
REDAÇÃO TRIBUNA DO DF
JORNALISTA ANDERSON MIRANDA