Desde 1970, a vida da família do feirante Rodrigo da Silva Neto, de 43 anos, está ligada à feira do Bicalho, na praça de mesmo nome, em Taguatinga. Começou com o pai vendendo pastéis com caldo de cana, fazendo do ponto uma parada quase obrigatória de vai às compras de hortifruti no final de semana.
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Depois de 90 dias fechado por ordem de um decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), o ponto foi liberado para funcionar em 16 de junho e recebeu, neste domingo (28), uma série de adaptações como medidas de prevenção ao contágio do novo coronavírus.
A pastelaria do Rodrigo e outras mais de 250 bancas da feira do Bicalho passaram por um processo de readaptação de espaço – a área de comercialização, inclusive, foi estendida. Feirantes e consumidores têm que ter espaços para higienização das mãos ou álcool 70%, e o uso de máscaras também é obrigatório para todos. As barracas, antes bem próximas umas das outras, têm que obedecer um distanciamento de 1,5 metro.
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Rodrigo aprova e reforça as medidas de segurança para evitar aglomerações.
“Passamos fita ‘zebrada’ para isolar os balcões e orientamos os clientes a continuarem comprando e levando pra casa”, conta Rodrigo, que chegou a pintar marcações do chão da rua para que as pessoas respeitem o distanciamento e evitem aglomerações. Na próxima semana, um segurança se somará à equipe só para orientar os consumidores e manter a ordem em volta da banca.
Toda essa readequação se repete em todas as feiras livres do Distrito Federal e é fruto de uma ação conjunta de órgãos do GDF junto à Secretaria Administrativa de Cidades. Começou na semana passada – como foi na feira livre dos Goianos, no Leste do Gama – inicialmente com uma ação educativa. A distância entre as barracas foi ampliada, os ambulantes não credenciados retirados e os corredores centrais estão mais espaçosos para a circulação de pessoas.
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Feirantes atribuem reorganização do espaço ao aumento das vendas. Fotos Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília
Diferentes das permanentes, que têm ponto fixo e abertura diária, as feiras livres ocupam espaços públicos em determinados dias da semana – geralmente aos domingos – e são montadas e desmontadas no mesmo dia de funcionamento.
Em ordem
Neste domingo, ficais do DF Legal, acompanhados de policiais militares, verificaram a obediência das novas normas na Praça do Bicalho. Não houve aplicação de multas e nenhuma grande advertência foi notificada. Um servidor da administração regional de Taguatinga oferecia máscaras ao identificar algum cidadão sem.
“Todos os problemas que existiam para o enfrentamento dessa pandemia foram identificados na semana passada e corrigidos. Os feirantes estão respondendo bem às adaptações, assim como os consumidores”, esclarece o assessor do Feira Legal, programa da Secretaria de Cidades, Márcio Araújo.
“Gostei do espaço mais amplo e de ver que a adesão ao uso de máscaras é quase unânime. Um bom trabalho está sendo feito aqui pelo governo”, elogiou a dona de casa Maria Nazaré, moradora da Vila Telebrasília que estava por lá acompanhando o filho que é feirante.
Mais visibilidade
Outro que tem a feira como parte de sua história é Jairo Divino de Sousa, de 46 anos – 35 deles em meio à venda de frutas com o pai. Em fase de adaptação, ele acredita que as mudanças já começaram a colher resultados positivos, ainda que o ritmo de vendas e movimento não tenha sido 100% retornado. “Esta organização está atraindo até mais clientes até nossa banca. Eles gostam de ver as coisas mais bem arrumadas”, aposta.
Assim como vem fazendo nas feitas livres do DF, o Governo do Distrito Federal voltou a distribuir máscaras para os cidadãos que estava sem o item obrigatório de proteção. Foi feito na W3 Sul, fechada para o lazer, e em alguns parques da cidade, como o Asa Delta, no Lago Sul, que reabriu na última semana. A adesão ao uso da máscaras por lá era grande, mas se alguém chegava ou saia sem, um servidor da Secretaria de Esporte e Lazer a oferecia, gratuitamente. Álcool gel também estava disponível para quem quisesse usar.
Monitoramento
Foi o caso da servidora aposentada Cristina Gimenes, de 61 anos. Acompanhada da filha e do cachorro, ela saia do parque sem máscara depois que a que trouxe de casa caiu no chão. “Achei por bem não usar e adorei essa que recebi do GDF”, disse ela, curada da Covid-19 depois de diagnosticada em março, quando voltava de uma viagem aos Estados Unidos.
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A aposentada Cristina Gimenez elogiou a ação de fiscalização e distribuição de máscaras. Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
“Estamos acompanhando o monitoramento feito pela sala de gestão do governo em todos os parques, à medida que vão sendo reabertos, gradualmente. Naqueles que identificamos mais necessidade de atuação, voltamos e intensificamos esse trabalho de ação preventiva”, explica a secretária de Esporte e Lazer, Celina Leão.
800 mil máscaras
O GDF já distribuiu desde 20 de abril mais de 800 mil máscaras à população. A órgãos do governo, como a Polícia Militar e o Departamento de Trânsito (Detran), pelo menos 3 mil foram entregues nessa sexta-feira (26) para dar aos cidadãos em ações e blitzen educativas.
AGENCIA BRASILIA
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